Comandante do Exército brasileiro confirma morte de 11 militares no Haiti - Último Segundo / Mundo - IG
BRASÍLIA - O forte terremoto que atingiu o Haiti na terça-feira matou ao menos 11 militares brasileiros que servem na força de paz da ONU no país caribenho, informou o Exército nesta quarta-feira. A médica sanitarista Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, também morreu após ser soterrada durante o tremor.
O comandante do Exército, Enzo Peri, disse que já estão confirmadas 11 mortes, oito desaparecidos e nove feridos. Ele destacou, porém, que esses números mudam a todo momento. Peri faz parte da missão que embarca neste momento para o Haiti.
Sete feridos passam por atendimento na capital, Porto Príncipe, e dois feridos em estado grave foram transferidos para hospitais da República Dominicana.
Veja abaixo os nomes dos militares mortos:
Coronel Emilio Carlos Torres Dos Santos
1º Tenente Bruno Ribeiro Mário
2º Sargento Davi Ramos De Lima
2º Sargento Leonardo De Castro Carvalho
Cabo Douglas Pedrotti Neckel
Cabo Washington Luis De Souza Seraphin
Soldado Tiago Anaya Detimermani
Soldado Antonio José Anacleto
Cabo Arí Dirceu Fernandes Júnior
Soldado Kleber Da Silva Santos
Subtenente Raniel Batista De Camargos
O militar, que embarca neste momento para o Haiti, informou que Zilda Arns foi soterrada. O sobrinho da médica, senador Flávio Arns, também está no avião, junto com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o secretário executivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Rogério Sottili.
Raniel Camargos é uma das vítimas
As famílias dos militares já estão sendo avisadas pelas Forças Armadas e o reconhecimento dos corpos restá sendo feito pelo Exército. Os corpos serão removidos para o Brasil, porque seria mais complicado levar os parentes das vítimas ao Haiti, onde não estrutura no momento.
O ministro Peri informou ainda que a base brasileira em Porto Príncipe não foi atingida e as vítimas estavam em outros locais no momento do terremoto.
Troca de contingente
Os militares brasileiros que integram a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti passariam por uma troca de contingente nesta quarta-feira. Um avião com cerca de 130 homens chegou a decolar do Brasil, mas não conseguiu pousar na capital haitiana em decorrência do terremoto de terça-feira. A aeronave pousou em San Domingo, na República Dominicana, e já retornou ao Brasil.
De acordo com o general de brigada Carlos Alberto Barcellos, a troca de contingente faria parte de um rodízio de rotina mas, até o momento, não há informações de como o procedimento será feito após os tremores.
Segundo o general, um representante do Exército Brasileiro está em contato com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para saber detalhes do que será enviado ao país a fim de socorrer tanto os militares quanto os civis atingidos pelo terremoto. "Certamente, o Brasil vai unir esforços com outras nações para ajudar um país amigo", disse. Um general já foi deslocado e segue para ao Haiti ainda hoje.
O Brasil está no comando da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), criada em 2004 para restabelecer a ordem política no país.
O País comanda cerca de 7 mil soldados de 15 nacionalidades e tem 1.266 cidadãos brasileiros região. A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião.
Fazem parte da Força de Paz da ONU soldados dos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Equador, França, Guatemala, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Filipinas, Coreia do Sul, Sri Lanka, Estados Unidos e Uruguai.
Mortes de outras nacionalidades
Além dos militares brasileiros que morreram nesta madrugada, militares de outras nacionalidades presentes no país também sofreram baixas.
Três militares jordanianos que participavam da missão da ONU no Haiti (Minustah) morreram e outros 21 ficaram feridos, informou o Exército da Jordânia, em comunicado. Em uma breve nota citada pela agência de notícias jordaniana "Petra", as Forças Armadas informaram que as vítimas fatais eram dois oficiais e um soldado.
Pelo menos dez capacetes azuis de nacionalidade chinesa, também membros da missão das Nações Unidas no Haiti, desapareceram e outros oito já foram confirmados mortos.
A Argentina informou que um soldado de seu país também morreu no terremoto. A Argentina mantém 20 homens no Haiti, dos quais 14 pertencem à Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). Os outros seis fazem a segurança da embaixada do país.
Terremoto devastador
O forte terremoto de 7 graus na escala Richter que atingiu o Haiti na tarde da última terça-feira foi o tremor mais forte a afetar o país nos últimos 200 anos. Em um espaço de um minuto, o terremoto destruiu diversos edifícios e interrompeu os serviços de energia e telefonia do país. Estima-se que centenas de pessoas tenham morrido, mas dados oficiais ainda não foram divulgados.
Palácio presidencial não resistiu ao terremoto e desabou / EFE
O terremoto provocou o desabamento do palácio presidencial, de favelas da capital, Porto Príncipe, e centenas de edificações na região. Um prédio de cinco andares usado pela Organização das Nações Unidas (ONU) também desabou na terça-feira por conta do tremor.
O embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Raymond Joseph, disse que as sedes do palácio presidencial, da Receita Federal, do Ministério do Comércio e do Ministério das Relações Exteriores sofreram danos provocados pelo tremor, mas que o aeroporto da capital estava intacto. Segundo ele, o presidente René Preval escapou ileso do terremoto.
As informações sobre vítimas e danos são divulgadas de forma desorganizada por conta de problemas de comunicação no país. Como país mais pobre das Américas, o Haiti não tem equipamentos suficientes para lidar com esse tipo de desastre.
Sobrevivente é resgatada de escombros em Porto Príncipe / AFP
Epicentro
O epicentro do tremor foi registrado a 16 km de Porto Príncipe, que tem uma população de cerca de 1 milhão de pessoas, e tremores que vieram depois, tão fortes quanto o inicial, atingiram a cidade ao longo da noite e já na quarta-feira.
Segundo o US Geological Survey, a agência geológica americana, o terremoto ocorreu por volta das 16h53 (horário local, 19h53 de Brasília) de terça-feira.
Pelo menos dois tremores secundários - de 5,9 e 5,5 graus, respectivamente, foram registrados logo após o primeiro terremoto. Cerca de cinco horas após o tremor inicial, uma testemunha disse que esses tremores secundários eram sentidos a cada dez minutos.
Relatos de desespero
Testemunhas do tremor relataram cenas de caos, devastação e angústia, com edifícios destruídos e pessoas mortas e feridas em Porto Príncipe e nos arredores.
Terremoto deixou rastro de destruição em Porto Príncipe / Reuters
Carel Pedre, um apresentador de rádio e TV em Porto Príncipe, disse à BBC ter testemunhado uma grande destruição no trajeto de oito quilômetros que fez pela capital para encontrar sua filha.
"Eu vi muitas pessoas chorando por ajuda, muitos edifícios desmoronados, vários carros danificados, muitas pessoas sem ajuda, pessoas ensanguentadas", relatou.
"Não há eletricidade, todas as linhas telefônicas estão desligadas, então não tem muito jeito de as pessoas entrarem em contato com suas famílias e com os amigos", disse.
Henry Bahn, um funcionário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos que estava no Haiti, disse que todas as pessoas na capital haitiana estavam "assustadas e emocionadas".
Ele relatou à agência de notícias Associated Press que estava retornando ao seu hotel quando o chão começou a balançar. "Eu podia ouvir uma tremenda quantidade de barulho e de gritos à distância", disse.
Ele disse ter visto uma cratera onde antes havia várias casas. "Está cheio de muros caídos, de escombros e de arame farpado", relatou.
Ajuda humanitária
Poucas horas após o terremoto de sete graus na escala richter que atingiu o Haiti, países ao redor do mundo anunciaram o envio de ajuda humanitária para amenizar a catástrofe.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou preocupação com a situação do povo do Haiti e dos brasileiros que estão naquele país, Lula deu instruções para que sejam avaliadas as necessidades para que o Brasil possa apoiar o esforço de ajuda humanitária ao Haiti.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou ao departamento de Estado e ao Pentágono que preparem o envio de ajuda humanitária ao Haiti. "Estamos vigiando a situação de perto e estamos prontos para ajudar à população do Haiti", disse Obama em comunicado.
Pouco depois, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) anunciou o envio de um primeiro destacamento de ajuda humanitária, composto por 72 pessoas, seis equipes de rastreamento com cães e 48 toneladas de equipamentos de resgate.
O Haiti é o país mais pobre do Ocidente. Com 8,5 milhões de habitantes, o país tem 80% de sua população vivendo com menos de dois dólares por dia, ou seja, abaixo do nível da pobreza.
Fonte: IG
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