ARTIGO
Reflexão sobre Folclore no seu dia Nacional, 22 de Agosto - José Luiz Gois*
Cada pessoa, cada comunidade, cada povo, cada civilização cria seu jeito de ser e de viver, suas características que são únicas e mais ninguém consegue ser igual. Na vida cotidiana e rotineira, os seres humanos encontram obstáculos, desafios, problemas e dificuldades que precisam ser encarados e superados para que a vida e a história possam continuar. Ao buscarem solução para os obstáculos encontrados vão criando, inventando hábitos, costumes, valores, crenças, leis, mitos, lendas, etc. que dão significado e sentido às suas vidas.
Esse conjunto de mitos, crenças, lendas, tradições e costumes é o que podemos chamar de FOLCLORE, como patrimônio coletivo que é transmitido de geração para geração. A palavra FOLCLORE tem sua origem na língua inglesa e significa basicamente conhecimento e sabedoria popular. ("folk" = povo e "lore" = conhecimento, sabedoria). É, portanto, a ciência do povo que vai a cada dia inventando saídas e soluções para as suas necessidades, suas dores e sofrimentos. As pessoas criam enfeites, alegorias e fantasias que são muitas vezes exageradas, procurando mostrar que não estão vencidas nem satisfeitas com os problemas, dificuldades e com a dominação a que são submetidas. Essas criações são acima de tudo uma reação aos sistemas dominantes que procuram reduzir as pessoas a meros objetos a serviço dos poderosos. É resistência à vida dura do dia-a-dia. É uma maneira de mostrar que a vida é mais, que pode ser mais bonita, alegre, festiva e feliz.
Nos dias atuais nós estamos vendo um sistema dominante que procura controlar, diminuir, abafar e destruir a cultura e o folclore popular, através dos meios de comunicação de massa (TV, Rádio, Jornais, internet). Procuram desvalorizar, ridicularizar e destruir as nossas músicas, nossas danças, nossa língua, nosso jeito de falar, visando impor outros valores, outras crenças, outra cultura. Procuram transformar tudo em mercadoria. Não vão conseguir, pois terão que matar todo o povo e destruir sua identidade.
O folclore tem as características principais:É popular, é do povão, não vem de uma elite;Nasce do saber cultural popular e constitui-se em uma tradição; É transmissível de geração para geração pela prática, não é construído em universidades. Estas procuram estudar e compreender o folclore; É conhecimento coletivo e universal; É anônimo, pois não se conhecem seus criadores, é criatividade livre e espontânea de cada povo.
Segundo a Constituição Federal, em seu art. 215 "o Poder Público tem obrigação de garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiando e incentivando a valorização e a difusão das manifestações culturais e folclóricas". Por isso, é necessário que o Poder Público defina e execute políticas que assegurem espaços e apoios para a preservação e o desenvolvimento da cultura local, favorecendo o desenvolvimento das potencialidades de crianças, adolescentes e jovens, adultos e pessoas da melhor (terceira idade).
É indispensável que as instituições das comunidades se organizem e apóiem os grupos culturais e folclóricos, buscando do poder público, meios para garantir a vida da nossa cultura e do nosso folclore, como forma de honrar, valorizar, proteger e preservar as tradições de nossos antepassados. Elas são as nossas raízes, se são arrancadas não teremos grandes futuros. Seremos dominados pela cultura de massa que só serve para exaltar quem está no poder e fortalecer as relações mercadológicas.
É indispensável que as entidades e o poder público dêem apoio no sentido de apoiar, resgatar, e revitalizar nossos grupos de guerreiro, cacumbi, reisado, chegança; nossas bandas de pífanos, nossas quadrilhas, o pastoril, o samba de coco, a capoeira, sanfoneiros/as, toadeiros/as, cantadores/as e poetas e poetisas; cantores/as; nosso jeito de falar, nossa culinária, nossas lendas, etc. Enfim, todas nossas expressões culturais e folclóricas.
Só seremos um povo altivo, autêntico e feliz, se conseguirmos manter vivas as nossas expressões culturais, o nosso folclore, as nossas raízes.
É uma pena, para não dizer um crime, ver muitos órgãos públicos, nos períodos de festas, em vez de valorizar os grupos folclóricos e culturais locais e regionais preferem pagar caro por bandas que nada dizem da cultura local. Pelo contrário que não dizem nada expressam muitas formas de diminuir a cultura local, muitas formas de ridicularização de mulheres, grupos das minorias oprimidas. Enfim, expõem certas expressões discriminatórias que ferem a cidadania e dignidade humana.
Que esta data sirva de reflexão para as instituições educacionais (públicas e privadas), para o poder público de modo geral e principalmente para a sociedade, no sentido de cuidar de nosso folclore e cobrar políticas públicas que assegurem a vida e alma de nossas comunidades.
*Professor de História da Rede Estadual de Educação de Sergipe.
2 comentários:
COMENTÁRIO DE CARLOS AUGUSTO SANTOS REALL - POETA SERGIPANO:
lí o texto muito bom concordo plenamente mais não adianta o fazer cultura só por fazer e depois tem que realmente pessoas que tenham compromisso a cultura ela realmente ela é popular é do povo para o povo mais o poder e burgués e essa pasta fica no segundo ou terceiro plano não adianta falar se não vai fazer por outro lado os protagonista dessa história também não se respeitam e aceitam tudo que vém de cima e acabam entrando no jogo infelismente exemplo disso são os sanfoneiros que choram o ano todo para receber um cachê mais todo ano o filme se repete e eles não toma uma postura mesma coisa são os grupos folcloricos do interior que as vezes tocam e dançam por uma garrafa de aguardente é triste mais é verdade mais viva a cultura viva o folclore realmente é de se refletir esse 22 de agosto a gosto de Deus.
Reall
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