19/10/06
QUE LÁSTIMA, PELÉ!
- por taís luso de carvalho
Confesso que fiz força para me conter. Se não falar sou capaz de me afogar em mágoas, o tempo passar e tudo levar...
Quando se deu o fato, já conhecido, entre Pelé e sua filha Sandra, fui criticada por alguns: “... mas ele é o maior jogador de todos os tempos; o mundo inteiro o idolatra! Não sabes o que dizes... Estás de implicância com Pelé...”.
Por que eu estaria implicando com a criatura? Não o conheço! Ou melhor, conheço o cidadão apenas como jogador; desconheço sua vida particular; não lembro de todos os seus filhos, e não sei por onde anda no momento. Sei que seu nome é Edson Arantes do Nascimento, Brasileiro, casado e não vacinado (contra a raiva). E que foi o maior jogador de todos os tempos. Sei, não sou alienada.
Mas pouco me importo com as suas idéias, com seus pés, seus gols, suas jogadas de gênio se esse Rei tem um coração petrificado, se é formado por grossas camadas de hipocrisia e de dissimulação. Conheço outras atitudes semelhantes, mas nunca me pediram pra calar. Por que calaria agora? Se tiver que escolher um rei, fico com Roberto Carlos! Teve um problema semelhante; apareceu um filho... Mas que atitude diferente! Pra ele nem foi problema. Não pode haver esse tipo de mancha, esse tumor na vida de um ídolo, ou seja, rejeitar um filho.
Que atitude linda teria sido vê-lo reconhecer sua filha, abraçá-la e dizer-lhe que a amava! Seria tão pouco para você, Pelé, e tanto para ela!
Não interessa que a luta dessa moça tenha sido pelo fato A, B ou C. O que importa é que era filha legítima de Pelé, e que estava atrás de reconhecimento e de afeto. Dinheiro o Senhor Rei tem de sobra... Afinal, quem ajuda Instituições... Não seriam uns pilas a mais ou a menos que iriam deixá-lo pobre.
No velório de Sandra chegou na capela uma enorme coroa de flores; eu nunca tinha visto algo tão grande, uma coroa tão majestosa. Quem a mandou? O mesmo Rei; o mesmo dissimulado.
Hoje me parabenizo; sempre vi algo nesse Rei que me fazia pensar... Estava certa.
Quanto ao seu futebol? Não está em jogo. Os homens que não se preocupem: eu sei separar o joio do trigo; sei separar o gênio do ser humano.
Mas o que não dá pra engolir é o fato dessa moça morrer aos 42 anos, lutando para ser aceita, trabalhando pelos objetivos que a fizeram tão infeliz, ou seja, trabalhava num projeto pela investigação gratuita de paternidade – DNA -, onde era vereadora, em Santos, São Paulo.
Morreu de câncer. Sabemos que as doenças são oportunistas, e que o estresse e a depressão bloqueiam o sistema imunológico. Podemos somatizar, desencadear um câncer, infarto e outras coisas. Está mais do que provado que viver feliz é acrescentar anos à vida. Mas quando dói a alma, dói o corpo!
Portanto, senhor Arantes, esse seu gol é aquele que deverá ser o mais lembrado: show de bola! E não venha mais falar de crianças abandonadas...
Fique em paz!
Postado por Tais Luso de Carvalho às 13:17
Um comentário:
Olá, Dedinha, obrigada pela gentil visita no meu blog e por divulgar esta crônica. É lastimável, mesmo, são coisas que não entendemos: esperamos uma atitude de uma pessoa que deveria ser exemplo e ficamos só na esperança...
Um beijo e apareça sempre.
Parabéns pelo teu blog, cheio de novidades.
Tais
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